No final dos anos 90, publiquei em ‘A Gazeta’ um artigo no qual eu fazia um comparativo entre a revolução causada com a implantação no Brasil, nos anos 60, do shopping center, e a revolução que se iniciava através do e-commerce, que prometia trazer um novo conceito ao comércio, embora os empreendedores ainda não se davam conta do quanto os negócios poderiam crescer através do referido meio.
Os shoppings centers, produtos do capitalismo que revolucionaram a concepção de mercado na relação compra-e-venda, conciliaram o conforto, lazer e segurança, bem como introduziram novos elementos no processo de administração e gerenciamento das empresas. Ao longo de mais de 50 anos da implantação dos primeiros shoppings centers, até hoje é óbvio que muitas alterações ocorreram no mercado. O perfil do consumidor mudou várias vezes: surgiram novas técnicas de comercialização, nasceu o fenômeno da globalização e a tecnologia foi introduzida em todas as áreas.
Em relação aos ‘shoppings virtuais’ introduzido de forma oficial em 1995, logo após a internet comercial, já dando sinais de suas reais pretensões, engatinhou a princípio, mas já no final da década já crescia a passos largos. Na época divulguei que a OMC – Organização Mundial de Comércio estava discutindo sistematicamente o comércio eletrônico devido à sua rápida ascensão tão surpreendente, que as previsões desse organismo há seis meses seria que no final de 2000 esse meio de comercialização atingiria mundialmente a cifra de U$ 400 bilhões, chegando ao final de 1999 em U$ 180 bilhões.
Diante dos números, da época, eu disse que a utilização da Internet como meio de venda e distribuição de bens e serviços iria realizar nova revolução em todo processo de comercialização, no âmbito de distribuição, empregabilidade, espaços físicos e tecnologia. Isso porque tal meio de comercialização já era uma realidade influindo muito no comércio tradicional drenando clientes e faturamento.
Para se ter uma ideia do quanto evoluiu as vendas via internet, vale informar os números atingidos no ano passado, no Brasil. Segundo a E-bit, empresa especializada em informações do comércio eletrônico, em 2014 o setor movimentou a cifra de R$ 35,8 bilhões, com mais de 51,5 milhões de consumidores únicos, e 10,2 milhões entrantes. Hoje são 61,6 milhões de e-consumidores únicos, ou seja, aqueles que já fizeram ao menos uma compra online. Somente na ação Black Friday o e-commerce vendeu no ano passado R$ 1,16 bilhão.
O número de e-consumidores aumenta e isso tem feito com que o e.commerce conquiste cada vez mais novas fatias do faturamento. As categorias classificadas dentre as mais comercializadas via empreendimentos na internet são: Moda e Acessórios, com (17%); Cosméticos e Perfumaria/Cuidados Pessoais/Saúde (15%); Eletrodomésticos (12%); Telefonia e Celulares (8%) e Livros/Assinaturas e Revistas (8%). O comércio eletrônico não para de crescer e de se legitimar como um forte concorrente do comércio tradicional, inclusive dos que já foram considerados inovadores e também uma revolução. Prova é que já chegou a ultrapassar as vendas de shoppings centers, no maior centro comercial do país, São Paulo. Os comerciantes que caminharem lado a lado das duas formas de fazer negócios, de maneira profissional serão os que mais colherão resultados, principalmente porque estarão possibilitando mais alternativas de escolhas aos consumidores.
Pedro Nadaf é presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso-Fecomércio/Sesc e Senac-MT