
Por mais paradoxal que possa parecer, o computador com seus programas revolucionários foram criados para desocuparem a humanidade e surpreendentemente são as que mais a mantém ocupada, e ao mesmo tempo em que promove a convivência social, mais tem afastado as pessoas. O uso de forma exagerada de equipamentos interativos, que colocam o emissor e o receptor em constantes linhas de retroalimentação, facilitando a comunicação, também provocam transtornos e fobias, que obviamente são nocivos à saúde. É uma espécie de veneno que se toma, e nem sempre se tem noção dos danos.
O FOMO, sigla do termo inglês “Fear Of Missing Out”, que no Brasil foi traduzido por “medo de ficar por fora do mundo virtual” é um dos males que tem chegado via equipamentos para acessos online. Embora ainda haja controvérsias no sentido de que seja transtorno ou fobia, porque muitos estudiosos preferem atribuir ao termo o nome de tendência, ou fenômeno ao invés de doença. Uns chegam a comparar com a síndrome conhecida como nomofobia, que é a dependência do telefone ou internet. Mesmo porque pode gerar angústia, ansiedade e depressão.
Geralmente são as pessoas da geração milênio, também conhecida como Y, as que são mais acometidas por esta “tendência”, para não falar doença, já que não é considerada um transtorno mental. Para elas é mesmo mais relevante olhar a tela de seu smartphone, enquanto dirige automóvel, do que olhar para frente com atenção total, ao trânsito. Ou em casa, considera suas conexões sociais, mais importantes que o convívio familiar, ao vivo e em cores. Nesta semana vi um vídeo em que numa mesa a família fazia a refeição, mas cada qual driblava de certa maneira um ao outro, para interagir sem que percebessem e todos na realidade se enganavam, estavam antenados com algo em seus smartphones, muito longe da interatividade familiar. Por mais engraçado que isso possa parecer, obviamente a mensagem coloca uma reflexão. Os “postadores” compulsivos ou aos que caminham neste sentido de não querer perder nada que esteja nas suas redes sociais, pode ser que vejam apenas como algo hilariante, assim como acreditam estar ilesos da “Whatsappinite”, espécie de tendinite que demora mais tempo para aparecer.
O FOMO para muitos é o espírito da internet. Será, entretanto, que nos importando com o imediatismo, com cliques para atualizar, não estamos nos sobrecarregando, muito mais do que sobrecarregamos a memória dos nossos smartphones?. Será que ao fecharmos os olhos ao FOMO estamos gerando um comportamento disfuncional, sendo susceptíveis a desenvolver a dependência que pode nos trazer prejuízos de ordens física e social?
Muitos usuários estão colocando seus smartphones em suas cabeceiras como se fossem livros, não se importando com a irradiação. O uso obsessivo e a compulsão pelas atualizações podem gerar problemas que vão além da insônia. E você, o que acha: o FOMO é tendência ou doença? O tema é realmente polêmico.
Pedro Nadaf, é presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso-Fecomércio/Sesc e Senac