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Lições do cotidiano

Na minha opinião não existem falsos amigos, mas inimigos ocultos. Não é raro se camuflarem antes de se revelar. Não é incomum traírem para colher vantagens. Na própria religião isso é explícito, em Salmo 55 é dito que ‘a sua fala era macia como manteiga, mas no seu coração havia guerra; as suas palavras eram mais brandas do que o azeite, todavia eram espadas desembainhadas’.

Já vi muitos casos de profissionais colocados em cargos de destaque terem seus ‘tapetes puxados’ por quem se dizia aliado. Num ambiente corporativo é muito difícil saber se as ações gentis de rotina são verdadeiras, ou se tal amabilidade resulta ao longo da vida em bajulação, pois quando se necessita da parceria não há solidariedade e nenhuma palavra encorajadora.

Por mais paradoxal que possa parecer, sobre o meu ponto de vista, é difícil identificar tanto os amigos quanto os inimigos. O filósofo francês, Paul Valéry é autor de uma frase que sintetiza bem o que estou dizendo:‘O número dos nossos inimigos varia na proporção do crescimento da nossa importância. Acontece o mesmo com o número dos amigos.’

Quando reflito sobre o aprendizado que tenho no meu dia-a-dia, me vem à mente alguns dilemas em relação as pessoas, umas com as quais vivo em meu cotidiano, por laços familiares, de amizade e do trabalho, e que me são muito caras, outras com as quais convivo sem laços afetivos em ambientes corporativos, nem tão caras, mas também relevantes. Penso que seja preciso distinguir cada qual, pois para alguns revelamos a essência da nossa verdadeira alma e para outros mantemos um certo distanciamento ao longo de nossas vidas, embora seja necessário sempre a cordialidade.

Sobre meu ponto de vista, os amigos devem ser examinados com objetividade e realismo, testados nos infortúnios e certificados não apenas pela afetividade, mas também pela lucidez, discrição e sobriedade. Amigos sábios e prudentes afastam os problemas. A lucidez de um amigo e sua solidariedade irrestrita em momentos de dificuldade são qualidades que só podem ser devidamente avaliadas por quem já necessitou desse apoio e o encontrou. Nesta ótica há exemplos tirados das atitudes das pessoas que se unem a nós por sermos semelhantes em valores ou por interesses comuns. O filósofo grego Aristóteles, em relação ao tema, disse: ‘a amizade pode cessar quando a reciprocidade de interesses é desvinculada’.

Certas lições são nos ensinadas no dia-a-dia e muitas vezes não nos damos conta da sua real importância. Amizade e inimizades, afinal, seria tênue a linha que separa estes dois sentimentos? Talvez seja a mesma que coloca de um lado e do outro os sentimentos de amor e de ódio. Acredito que o peso e a medida devem ser atribuídos ao amigo e ao inimigo, de formas diferenciadas, lembrando que o primeiro sempre faz questão de aparecer, mas nem por isso diminui a complexidade de uma avaliação.

No processo de convivência em nosso cotidiano, não podemos desacreditar que haja pessoas realmente amigas, e cheias de boas intenções, mas temos que ser cautelosos ao trazê-las para compartilhar do nosso dia a dia.

Para encerrar citarei o pensamento do estrategista de guerra chinês, Sun Tzu: ‘conheça o inimigo e a si mesmo e você obterá a vitória sem qualquer perigo; conheça terreno e as condições da natureza, e você será sempre vitorioso’.

Pedro Nadaf é presidente do Sistema Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso- Fecomércio/Sesc e Senac-MT

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