O comércio vive um período recessivo, diminuindo suas vendas e automaticamente reduzindo as oportunidades de emprego, que é uma preocupação não só da classe trabalhadora, como também empresarial, e dos governantes. O problema, entretanto, não se concentra apenas na atividade comercial, e nem tão pouco somente em nosso país. Recentemente participei em Genebra – Suíça, da 104ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), integrando como membro da delegação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo-CNC. Constatei na oportunidade, que as lideranças, de todos os setores citados, tem buscado soluções conjuntas para a economia mundial. Inclusive foi lançada na oportunidade uma pesquisa relativa ao impacto das mutações ocorridas no mundo do trabalho.
Todos os diagnósticos são importantes para equacionarem ou minimizar impactos nocivos que interferem no mundo econômico e a oferta de empregos formais é sem dúvida alguma a melhor solução para conter a pobreza. Certamente a comissão de alto nível da OIT, responsável pelo futuro do trabalho, irá preparar um relatório bem consistente a respeito do assunto, que deve ser apresentado no centenário da Conferência, em 2019, quando se projeta que a OIT irá cumprir, no limiar do seu novo século, com a justiça social. Até a data, entretanto, haverá o cumprimento de uma intensa agenda de desenvolvimento.
Quando se fala em emprego formal, é bom que se destaque sempre a importância que tem o comércio na contratação de seus colaboradores. O tema que tem absorvido grande parte das discussões tem avançado, sem dúvida alguma, nas discussões. Uma recomendação relevante neste sentido foi a que prevê um quadro internacional que ajude a mais de 100 milhões de trabalhadores na transição da informalidade para a formalidade, com proteções adequadas. O diálogo social, neste sentido, é fundamental e nossas entidades tem dado exemplo neste sentido.
Há uma prospecção, diante da atual conjuntura econômica, que apontam nos próximos dois anos para o desemprego, em nosso o país, que deve atingir percentuais acima da média mundial. Um dos dados que traz preocupação neste sentido foi divulgado pela própria OIT, sendo que a organização revela que o crescimento do PIB, entre 2014 e 2015, na América Latina mostra-se inferior ao das economias avançadas. Ou seja, a desaceleração dos setores produtivos, afeta o mercado laboral.
No ano passado, conforme relatório de ‘Tendências Mundiais de Emprego 2015’, divulgado pela OIT, mais de 201 milhões de pessoas estavam sem emprego. O quadro se mostra realmente escuro, pois neste ano três milhões de desempregos podem ser gerados, e oito milhões até 2019. Sendo que até o ano do centenário da Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), seriam necessários 280 milhões de novos empregos, tomando-se por base os que perderam suas colocações e os que buscam pela primeira vez uma colocação no mercado, sendo que os jovens entre 15 e 24 anos, são os mais afetados pela crise. Penso que o Brasil assumirá seu protagonismo no avanço de políticas laborais, associado à justiça social, somente com maiores incentivos para a classe empresarial desenvolver seus negócios. Afinal, o setor é o maior responsável pelo desenvolvimento econômico do país.
Pedro Nadaf é presidente do Sistema Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso- Fecomércio/Sesc e Senac-MT
