A década de 1990 foi muito marcante pela tônica das privatizações que se instalaram não só em nosso país, como em toda a América Latina. Poucos sabem, entretanto, que isso se sucedeu em decorrência do estímulo de duas potências, o Banco Mundial e o FMI – Fundo Monetário Internacional. Daquela época até os nossos dias, muitas empresas públicas foram privatizadas, e muitas foram também as polêmicas em torno deste processo de concessão. Isso porque sempre se dividem as opiniões em torno de seus objetivos. Vejo a privatização, de um modo geral, como uma realidade consolidada. É uma realidade mundial.
Uns setores da sociedade não acreditam que as privatizações gerem riquezas ao país, enveredando por discursos que muitas vezes extrapolam o que é justo, ou factível, prejudicando assim o que seria como ideal ao governo, em termo de eficiência principalmente por sua viabilidade técnica, além da econômica, financeira e social. Muito se debate em torno dei: tema, defendendo-se inclusive que se o governo administrar diretamente uma estatal pode atingir maior nível de eficiência. Muitos, entretanto, desconhecem que pode ser estratégica e essencial a privatização para oxigenar financeiramente a máquina do Estado. Um exemplo é a privatização das rodovias, que é um dos pontos negativos para a boa performance da logística em Mato Grosso.
Recentemente fui questionado por um veículo de comunicação local sobre o processo de privatização das rodovias em Mato Grosso, e eu defendi a viabilidade deste caminho. Eu vejo que é o modelo que o mundo todo utiliza, o países mais ricos, tanto os Estados Unidos como a Europa, usam desse sistema. Não é o Brasil que é um país emergente economicamente que vai ser contrário a esse modelo de gestão. Apontei que, infelizmente, em todos os ambientes políticos da sociedade, há aqueles que são “a favor e aqueles que são contra.
Defendo, portanto, que a privatização, obrigatoriamente, melhora a qualidade das estradas, e com isso dá uma dinâmica diferente ao processo de desenvolvimento econômico. Por outro lado, discordo de que os custos para a sociedade com o pagamento de pedágios para a utilização das estradas sejam exorbitantes.
Temos visto que há grande interesse de empresas investirem nas estradas mato-grossenses. Há poucos meses a Odebrecht TransPort venceu, dentre sete concorrentes, o leilão de privatização dos 850 quilômetros da BR-163, que se estende da divisa com o Mato Grosso do Sul e vai até a região de Sinop e Sorriso, ao norte de Mato Grosso.
A presidente Dilma anunciou recentemente a privatização das rodovias que ligam Sinop ao Pará e Rondonópolis a Goiânia, com a concessão para a iniciativa privada de cinco trechos, um deles a BR-163, com 976 quilômetros; e 707 quilômetros da BR-364. Acredito que isso será bom para o nosso estado, que trará real benefício para a população e facilitará o escoamento da produção, o que tornará a economia local ainda mais próspera estimulando a geração de emprego e renda. E lógico que muitos vão negar que isso possa ocorrer, mas é o processo da divisão de opiniões, e que cada um defenda a sua.
Pedro Nadaf é secretário chefe da Casa Civil e presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado de Mato Grosso – Fecomércio/Sesc e Senac